sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

ENTENDA COMO A LOGÍSTICA TORNOU-SE UM DIFERENCIAL COMPETITIVO


Espero que esteja tudo bem contigo!

Hoje compartilho uma das minhas leituras recentes sobre a evolução histórica da Logística. Este texto ratificou a importância que já reconhecia na área dentre os modos corretos de aplicação, principalmente a importância perante os profissionais de marketing.

Uma boa leitura!

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Texto adaptado do livro Gestão de logística, distribuição e trade marketing
Publicação FGV


(...) Como a logística tornou-se tão importante? O que, efetivamente, foi responsável pela transformação da visão empresarial da logística? Ou ainda, por que a logística saiu dos quartéis e foi otimizada para empresas competindo por clientes nos mercados? Estas são algumas das perguntas que você deve estar se fazendo, e que tentaremos responder.

Segundo Ballou (1993:18), muito antes de interessar aos homens de negócios, de forma organizada, a administração da logística militar já tinha se desenvolvido a tal ponto, que é difundida nos meios militares uma frase atribuída a variados autores, mas que de tão importante é constantemente citada:

“Amadores discutem tática e estratégia, profissionais discutem logística”.

Recentemente, a mesma frase foi citada por James Roche, secretário da Força Aérea dos EUA, ao relatar os aspectos que condicionaram a campanha norte-americana vitoriosa no Iraque, em 2003 (Samuelson, 2003).

Contudo, nem sempre foi assim. Antes das guerras napoleônicas, pouca importância era atribuída à logística. Napoleão não foi, sozinho, um grande visionário que concebeu as operações logísticas como algo único e integrado às demais operações no campo de batalha, mas teve dois importantes fatores a seu favor: a Revolução Industrial e o fato de não ter intenções de poupar seus exércitos do combate, mas, sim, lutar para atingir seus objetivos.

Napoleão, por ser plebeu, não usava seus exércitos apenas como instrumento de pressão política evitando o combate, como era comum na Europa daquela época. Há diversos registros históricos (cartas entre os governantes europeus) onde é possível identificar que os governantes europeus daquela época eram parentes próximos, tendo todo o interesse em resolver as quizilas por meios diplomáticos, envenenamentos e outros menos custosos e com menores riscos às suas famílias e propriedades e às de seus nobres que, normalmente, eram oficiais nos seus exércitos. Quando todos os demais esforços falhavam e a movimentação para o campo de batalha e eventual confronto das tropas parecia inevitável, a tradição da época levava os generais a procurarem o melhor posicionamento para as tropas, como, por exemplo, arqueiros em lugares altos, infantes em regiões abrigadas etc. Em seguida, o protocolo era enviar mensageiros aos comandantes das tropas opositoras para tentar obter uma rendição sem luta, as chamadas guerras de movimento (EGN, 1997).

O expressivo desenvolvimento da metalurgia e da mecânica ocorrido após a primeira Revolução Industrial introduziu novas armas no campo de batalha. Entre elas o canhão, que conferiu aos exércitos aumento em letalidade. Porém, além de pesado, precisa de munição para ser eficaz. Surgiu a necessidade de uma organização logística superior que ainda tinha como atribuição a alimentação dos cavalos usados para rebocar os canhões e os pesados contêineres de munição. Talvez o uso de canhões nos seus primórdios, tendo toda a problemática logística associada, tenha feito com que os exércitos napoleônicos fossem os primeiros a estruturar uma organização logística sob responsabilidade de oficiais com a missão específica de organizar (loger) os diversos recursos de víveres, munição, pessoal, forragens para os cavalos.

A contínua evolução da logística militar tornou-se imprescindível a partir da II Guerra Mundial quando, por exemplo, Grã-Bretanha e Alemanha se confrontavam em extensos e dispersos teatros de operação, exigindo esforço logístico para apoiar as tropas combatentes em frentes no norte da África, na França ocupada ou ainda na defesa do território da própria Inglaterra. Para tanto, como apontado por Santos (1999), o crucial eram as linhas de comunicação atlânticas que os aliados norte-americanos utilizavam para apoiar logisticamente o esforço bélico inglês. Tais complexidades foram importantes por trazerem grandes avanços nos métodos e modelos utilizados para distribuir os sempre reduzidos recursos às diversas frentes de combate, motivando o nascimento da pesquisa operacional que pouco mais tarde, no pós-guerra, teria seus métodos transpostos para as empresas civis. Assim, métodos como a simulação e a programação matemática passaram a auxiliar a redução de custos operacionais em várias empresas, principalmente nos países desenvolvidos.

Com o amadurecimento dos mercados consumidores em países desenvolvidos e o surgimento dos clientes sensíveis ao serviço e não apenas ao preço, que optam por disponibilidade de produto na prateleira antes de se preocupar com a marca (commodities), a logística passou a ser enxergada como arma estratégica na criação de valor, por permitir que produtos antes sem diferenciação pudessem destacar-se pelo serviço logístico. Assim, em mercados onde a comodidade é importante, empresas de varejo especializaram-se em entregar produtos diretamente nas casas dos clientes, agregando o valor de lugar por meio de uma logística mais complexa que precisa tratar cada pedido individualmente, em pequenas quantidades (lotes), agregando o valor de arranjo por meio de unidades individuais de fornecimento.

Contudo, é inegável que preço baixo é sempre um atrativo, principalmente na atualidade, quando o poder de fixar o preço final saiu das mãos da indústria e migrou para as poucas cadeias varejistas que concentram o poder de compra de milhões de consumidores. Veja por exemplo, em 2001: com vendas de US$ 200 bilhões, segundo a revista Exame, a cadeia varejista Wal-Mart tornou-se a maior empresa do mundo em faturamento, deixando a fabricante de veículos General Motors e a Exxon, do ramo petrolífero, para trás. Mais uma vez a logística pôde apoiar as empresas nessa estratégia de menor custo operacional, por meio da otimização integrada de suas atividades.

No Brasil, tais métodos e a própria importância da logística só tiveram reconhecimento amplo após a queda abrupta da inflação pós-consolidação do Plano Real. Antes disso, a visão da eficiência operacional era perdida em função do elevado retorno financeiro à disposição das empresas que assim desejassem utilizar seu capital. Da mesma maneira, o estoque valorizava-se, a cada dia, acima dos patamares da inflação para a maioria dos segmentos de mercado. O leitor pode recordar-se dos “fiscais do Sarney” tentando impedir por meio da força bruta a remarcação que acontecia diuturnamente nos supermercados brasileiros até o início da década de 1990.

Apesar de diversos outros fatores, como a explosão no uso da internet, das tecnologias especiais como o Global Positioning System (GPS), de softwares dedicados e métodos de pesquisa operacional como a roteirização, podemos afirmar que a logística só teve espaço entre as empresas de médio e pequeno portes no Brasil após a redução da inflação a patamares normais. Antes disso a logística não se preocupava com o giro rápido dos estoques, mas sim em armazená-los e movimentá-los com segurança. Por isso, a logística era sempre vista como centro de custos e não como arma estratégica capaz de adicionar valor e reduzir custos.
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Uma logística bem definida e aplicada tende a ser uma das chaves mais importantes para o sucesso organizacional, será que a empresa onde trabalha ou já trabalhou enxerga assim? Reflita...


Uma pequena negligência pode aumentar os mal-entendidos: Pela falta de um cravo, perdeu-se a ferradura, pela falta da ferradura perdeu-se o cavalo, e pela falta do cavalo o cavaleiro se perdeu”. Benjamin Franklin


Por Eduardo Silva


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Eduardo Silva, é graduado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário da FEI, obteve destaque em seu projeto final de conclusão de curso sobre Endomarketing®, venceu a 3ª Feira de Plano de Negócios na mesma instituição (apresentado case sobre sustentabilidade). Atualmente, trabalha com Planejamento Comercial e também é aluno do MBA em Marketing da FGV. Um amante da cidade de São Paulo onde nasceu e foi criado, apaixonado pela rotina praticamente “maluca” que impera no local e um apreciador da boêmia que o conforta e acolhe fornecendo o contrapeso para o dia-a-dia.


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