Trabalho em uma
Instituição que, entre outros serviços, mantém um projeto de inclusão de
estagiários nas empresas. Não vou aqui me estender a explicar sobre a legislação
de estágio, suas características, o que pode ou não pode ser feito, pois será assunto
para outro artigo.
Gostaria de compartilhar com vocês a situação dos estudantes de Ensino Médio das escolas públicas brasileiras. Recebemos diariamente estudantes que se inscrevem para concorrer às vagas de estágio para Ensino Médio Regular, onde o aluno (estagiário) é encaminhado à empresa para desenvolver atividades que o preparem para vida cidadã e para o trabalho, recebendo uma contraprestação em forma de Bolsa-Auxílio pelas atividades desempenhadas.
Ao preencher o cadastro, perguntamos dados básicos e é ai onde começa a dura realidade da distorção do acesso à tecnologia. Seguindo estimativas pessoais que considerei ao longo de quase 04 anos, ao serem perguntados se possuem um endereço de e-mail, cerca de 70% dos estudantes respondem o seguinte: - Sim, tenho o do Facebook. Ao serem perguntados se acessam a caixa de entrada desse e-mail, cerca de 90% respondem: - Não, só uso para o “Face”.
Prosseguindo, ao serem perguntados sobre conhecimentos em informática, cerca de 50% responde conjuntamente: - Sei um pouco do Word, Excel e Power Point. Alguns acrescentam conhecimentos em algum programa de edição de fotos. Ainda respondendo a questão, cerca de 20% afirma não ter conhecimento nenhum em informática. Os 30% restantes respondem mecanicamente: - Sim, sei o básico. Ao serem questionados mais especificamente sobre esse “básico” a maioria responde: - Ah, o básico, Facebook, blog, acessar sites que eu gosto. Continuando o questionamento, sempre me aprofundo um pouco procurando conhecer até onde vai essa deficiência, então geralmente pergunto: - Você sabe ligar e desligar o computador, abrir pastas e documentos? A resposta é esmagadoramente: - Não! Só a internet mesmo.
Daí todos os dias me pergunto como acontece essa democratização do acesso à tecnologia, em que um aluno de Ensino Médio possui acesso ao computador na escola, mas não aprende a utilizar a ferramenta com início, meio e fim. Aprende apenas uma mínima parte do processo, o necessário para determinada atividade ou nem mesmo isso.
É um aprendizado precário, de fachada. Não estão formando, estão enganando a educação, oferecendo um “mais ou menos”. Ai pergunto a você: O que um jovem fará com esse falso conhecimento ao ingressar no mercado de trabalho? Logo a empresa perceberá suas deficiências e se não conseguir aprender na marra e em pouquíssimo tempo, estará fora com certeza.
Inúmeros estudantes de Ensino Médio Regular buscam estágios, tão jovens, com muita vontade de trabalhar, de ser alguém, de conquistar algo, mas percebo que eles estão com a visão embaçada, não conseguem enxergar para onde devem ir, o que devem fazer, estão soltos, perdidos, sem orientação profissional, sem capacitação técnica e comportamental.
Uma das diretrizes do Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020 é a “formação para o trabalho”, mas o que vejo na educação de Ensino Médio, é uma propagação de um mínimo conhecimento, de forma precária e que acrescenta muito pouco a formação para o trabalho desses estudantes.
Seguindo este caminho, o governo segue criando um arsenal de programas que são, na verdade, mais pedaços da colcha de retalhos e que não precisariam ser implantados, gastando milhões e milhões, se fossem oferecidas as condições necessárias para que a educação de Ensino Médio cumprisse o que determina suas diretrizes.
E os jovens estudantes seguem suando, tentando, quebrando a cabeça, alguns desistem e seguem caminhos obscuros, outros se salvam por pouco e ficam estagnados, enquanto uma pequenina parte consegue seguir em frente e alçar voos maiores.
Um abraço!
Daniele Paulino
Gostaria de compartilhar com vocês a situação dos estudantes de Ensino Médio das escolas públicas brasileiras. Recebemos diariamente estudantes que se inscrevem para concorrer às vagas de estágio para Ensino Médio Regular, onde o aluno (estagiário) é encaminhado à empresa para desenvolver atividades que o preparem para vida cidadã e para o trabalho, recebendo uma contraprestação em forma de Bolsa-Auxílio pelas atividades desempenhadas.
Ao preencher o cadastro, perguntamos dados básicos e é ai onde começa a dura realidade da distorção do acesso à tecnologia. Seguindo estimativas pessoais que considerei ao longo de quase 04 anos, ao serem perguntados se possuem um endereço de e-mail, cerca de 70% dos estudantes respondem o seguinte: - Sim, tenho o do Facebook. Ao serem perguntados se acessam a caixa de entrada desse e-mail, cerca de 90% respondem: - Não, só uso para o “Face”.
Prosseguindo, ao serem perguntados sobre conhecimentos em informática, cerca de 50% responde conjuntamente: - Sei um pouco do Word, Excel e Power Point. Alguns acrescentam conhecimentos em algum programa de edição de fotos. Ainda respondendo a questão, cerca de 20% afirma não ter conhecimento nenhum em informática. Os 30% restantes respondem mecanicamente: - Sim, sei o básico. Ao serem questionados mais especificamente sobre esse “básico” a maioria responde: - Ah, o básico, Facebook, blog, acessar sites que eu gosto. Continuando o questionamento, sempre me aprofundo um pouco procurando conhecer até onde vai essa deficiência, então geralmente pergunto: - Você sabe ligar e desligar o computador, abrir pastas e documentos? A resposta é esmagadoramente: - Não! Só a internet mesmo.
Daí todos os dias me pergunto como acontece essa democratização do acesso à tecnologia, em que um aluno de Ensino Médio possui acesso ao computador na escola, mas não aprende a utilizar a ferramenta com início, meio e fim. Aprende apenas uma mínima parte do processo, o necessário para determinada atividade ou nem mesmo isso.
É um aprendizado precário, de fachada. Não estão formando, estão enganando a educação, oferecendo um “mais ou menos”. Ai pergunto a você: O que um jovem fará com esse falso conhecimento ao ingressar no mercado de trabalho? Logo a empresa perceberá suas deficiências e se não conseguir aprender na marra e em pouquíssimo tempo, estará fora com certeza.
Inúmeros estudantes de Ensino Médio Regular buscam estágios, tão jovens, com muita vontade de trabalhar, de ser alguém, de conquistar algo, mas percebo que eles estão com a visão embaçada, não conseguem enxergar para onde devem ir, o que devem fazer, estão soltos, perdidos, sem orientação profissional, sem capacitação técnica e comportamental.
Uma das diretrizes do Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020 é a “formação para o trabalho”, mas o que vejo na educação de Ensino Médio, é uma propagação de um mínimo conhecimento, de forma precária e que acrescenta muito pouco a formação para o trabalho desses estudantes.
Seguindo este caminho, o governo segue criando um arsenal de programas que são, na verdade, mais pedaços da colcha de retalhos e que não precisariam ser implantados, gastando milhões e milhões, se fossem oferecidas as condições necessárias para que a educação de Ensino Médio cumprisse o que determina suas diretrizes.
E os jovens estudantes seguem suando, tentando, quebrando a cabeça, alguns desistem e seguem caminhos obscuros, outros se salvam por pouco e ficam estagnados, enquanto uma pequenina parte consegue seguir em frente e alçar voos maiores.
Um abraço!
Daniele Paulino
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